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Cotas nas universidades públicas. Qual sua opinião?

Como muitos sabem, está em vigor nas faculdades públicas de nosso país o sistema de cotas raciais. Ontem, ao abrir meu navegador e me deparar com a seguinte notícia, decidi criar este post, afim de expor aqui minha opinião Em primeiro dia de audiência pública, maioria é favorável a cotas em universidades

Gostaria de chamar a atenção para o fato de que trato aqui das cotas raciais, ou seja, aquelas destinadas a indivíduos declarados negros, independentemente da posição socioeconômica ou de outros fatores. É bem sabido que quem é a favor das cotas raciais diz que estas têm como objetivo a igualdade entre negros e brancos na hora de disputar a tão concorrida (nem tão concorrida assim para os cotistas negros) vaga no vestibular.
Eu gostaria de saber o porquê de os negros serem tão especiais. Mais especiais que os brancos, pois já tem suas vagas reservadas sem esforço algum. Além disso, geralmente não precisam estudar tanto (caso você discorde da parte de não precisam estudar tanto, veja as médias dos candidatos autodeclarados negros no vestibular UFRGS 2010, por exemplo, e me explique porque são sempre mais baixas do que dos outros candidatos de escolas públicas).
Na minha opinião, isto não é igualdade , pelo contrário, é um nítido racismo, que só não enxerga o pior cego. Vejo muitos supostamente buscando igualdade racial dizendo frases do tipo “não existe raça negra ou branca, existe é raça humana”. Pois bem, pergunto eu: Onde estão estas pessoas agora? Quando lhes é conveniente, pode-se dividir negros e brancos, caso contrário, é racismo?
Por outro lado, me pergunto como os negros aceitam esta história de cotas, visto que isto passa nitidamente a impressão de que são incapazes. Incapazes. Por que têm que ter suas vagas reservadas? Caso não as tivessem, não teriam condições de estudar e passar por conta própria? (repito: não estou falando de condições financeiras) Pelo menos para mim, isto é intrigante. Se eu fosse negro, me sentiria profundamente ofendido e não só lutaria contra as cotas, mas também tentaria entrar na faculdade sem elas.
Como já deu pra perceber, sou absolutamente contra as cotas raciais (embora seja a favor das sociais), visto que estas cumprem muito bem o papel de segregar mais ainda caucasianos de negros, o que com certeza não é seu objetivo. Também não sou nenhum estudante frustrado porque perdeu vaga pra cotista, porque não passou três ou quatro anos no vestibular ou porque não gosta de estudar, bem pelo contrário.

Meu objetivo neste post foi única e exclusivamente expressar minha opinião em relação a este assunto. Peço desculpas se ofendi ou pareci rude com qualquer um que seja. Comentários serão muito bem-vindos; nenhum comentários será editado ou rejeitado por apresentar ideias opostas às minhas.

Meus sinceros parabéns a todos que estão juntos na luta pela igualdade, principalmente aos (muitos) negros que também não aceitam este injusto e racista sistema de cotas.

  1. Fran
    março 4, 2010 às 19:20

    Concordo com o que vc disse, Jé. E pelo que vejo, como estudante de universidade federal, esse é o pensamento de muita gente dentro da universidade.

    A última eleição do DCE mostrou claramente essa questão das açoes afirmativas dentro da universidade. Queremos uma universidade para todos, sim, mas com a qualidade de sempre. De nada adiantam, um aumento no número de vagas, ou a reserva de vagas, se os alunos, que na sua grande maioria provêm de escolas públicas, não conseguem acompanhar as aulas, justamente por terem uma base fraca.

    Antes de discutirmos ações afimativas é preciso discutir o nosso ensino público, pois é dele que obtemos a base para o ensino superior. Então, somente depois de atingirmos uma educação básica de qualidade, em que todos terão o mesmo nível de conhecimento é que poderemos discutir a necessidade, ou não, de ações afirmativas nas universidades públicas do país.

  2. março 4, 2010 às 19:28

    1. para poder concorrer as vagas das reservas é preciso não ser eliminado, o que é mais díficil de se conseguir do que ser aprovado na maioria dos cursos da PUCRS
    2. a UFRGS aumentou o total de vagas em quase 50% nos últimos tempos
    3. as reservas raciais são temporárias. Elas serão revistas
    4. somos um dos países mais racistas do mundo. O discurso branco é que ele não existe, mas é falácea. Sou responsável por recrutamento de pessoal e raramente sou autorizado a recrutar negros, pois as mães dos alunos da escola teriam medo de verem suas filhinhas próximas a negros.
    5. o país precisa indenizar os descendentes dos 30 milhões de negros que foram arrancados da África e trazidos para cá.
    6. como comparação, lembro que a Alemenha indenizou e continua a indenizar Israel, pelas mortes na 2a. guerra.
    7. nos EUA as cotas deram tão certo que serão abandonadas, pois os negros conseguiram fazer parte da sociedade e da economia .

    sds

  3. cris
    março 5, 2010 às 18:19

    1. Acho uma bobagem usar as cotas nas universidades dos EUA como argumento para as cotas no Brasil. Lá a seleção é muito subjetiva, portanto seria fácil usar a raça como critério de exclusão/inclusão na universidade. Aqui existe o vestibular, critério bastante objetivo que, antes das cotas, se baseava somente no conhecimento e preparo do candidato, a parte mais subjetiva do processo é a redação. Antes de começarem as cotas nem se tomava conhecimento de raça, cor, religião, classe social, etc antes do resultado – a menos que tenha alguma maneira de identificar algum desses itens a partir da letra na redação.

    2. Os negros são tão capazes quanto os brancos, não precisam de “empurrãozinho”.

    3. Usar a raça como parte da seleção é disciminação racial, o que fere a constituição.

    4. Muitos dizem que os negros estão mal preparados para o vestibular porque em sua maioria são pobres que dependem de escolas públicas de má qualidade. Como os pobres são em sua maioria negros dizem que as cotas raciais vão ajudar a diminuir a pobreza, … E o branco pobre se ferra em dobro: nasceu na classe social errada e com a cor errada.
    Cotas sociais eu ainda entendo, embora não concorde porque são uma maneira de desviar o foco – em vez de usar o mau desempenho das escolas públicas no vestibular como sinal de que o ensino público precisa melhorar colocam “na marra” os alunos na universidade e fingem que está tudo bem.

    5. Em muitos cursos, pricipalmente na área de exatas, os alunos que chegam bem preparados já tem dificuldades de acompanhar a matéria, os que chegam menos preparados tem mais dificuldade ainda e isto tende a aumentar a evasão (ou diminuir a exigência dos cursos). Mais uma vez: precisamos melhorar o preparo e não diminuir a exigência. Não me parece justo tirar a vaga de alguém que potencialmente teria mais condições de acompanhar o curso e diminuir a exigência do curso vai fazer com que tenhamos profissionais pouco preparados.

    • gsxs
      março 6, 2010 às 12:43

      Fran,
      Concordo que se a educação básica fosse melhor, não haveria necessidade de cota alguma. Contudo, não acredito que a situação irá melhorar muito (nem a longo prazo).

      Alberto,
      Discordo da maioria do que você disse, em especial do primeiro item. Que eu saiba (posso estar errado), basta acertar pelo menos uma questão em cada matéria e não zerar a redação para não ser eliminado do concurso vestibular.

      Cris,
      “melhorar o preparo e não diminuir a exigência.” Concordo em absoluto.Só para se ter uma ideia, curso engenharia e tive um colega que pediu pra professora o que era produto (nesse caso, universidade particular).
      Acho que isto reflete o que está cada vez mais acontecendo em todo país.

  4. março 6, 2010 às 13:23

    Respondendo
    1. trabalho com o vestibular da UFRGS desde 1993. Sei como ele funciona. Sou diretor de TI do Universitário e faço doutorado na UFRGS.
    Para concorrer as reservas de vagas é preciso não ser eliminado nos critérios da universidade. Verifique que as vagas para negros raramente são preenchidas. Sobram vagas.

    2. não consigo entender pessoas com coração tão duro que não queiram indenizar os descendentes de 30.000.000 de escravos que vieram para cá. Na verdade, fico apavorado com a falta de sensibilidade.

    Mas sei que é típico da mentalidade de um estado (RS) primitivo que acha que é melhor que o resto do BR. Gaúchos vivem em cidades imundas e acham que estão em Paris ou Berlin.

    De qualquer forma, não tem volta. Já tem muito filho de pobre roubando espaço nas universidades. Logo, teremos filhos de probres governando também. E aí, será tarde de mais.

    albertoprass@gmail.com

  5. gsxs
    março 6, 2010 às 15:44

    “Verifique que as vagas para negros raramente são preenchidas. Sobram vagas”. Verdade, já tinha reparado nisto e confesso até que fiquei intrigado com as vagas que sobram. Neste caso fico feliz em saber que não é do jeito que pensei que fosse.

    Sobre ser “típico da mentalidade de um estado (RS) primitivo que acha que é melhor que o resto do BR. Gaúchos vivem em cidades imundas e acham que estão em Paris ou Berlim”, não posso negar e até concordo. Nunca fui um gaúcho muito “patriota”.

    Abraço

  6. Luana Nunes
    março 6, 2010 às 23:25

    Alberto, tuas idéias são ótimas eu concordo plenamente!Eu sou gaúcha e é notável a arrogância do meu povo, e agora que entrei na UFRGS isso fica cada vez mais claro.

    Até que enfim eu achei alguém que tem um pensamento igual ao meu em relação as cotas, o problema é realmente esse que você falou “De qualquer forma, não tem volta. Já tem muito filho de pobre roubando espaço nas universidades. Logo, teremos filhos de probres governando também. E aí, será tarde de mais.”

  7. cris
    março 7, 2010 às 19:18

    Alberto,
    Não é uma questão de não querer “indenizar” os descendentes dos escravos, mas sim de não concorar com a forma de fazer as coisas.
    Se não vemos como uma real possibilidade a educação pública melhorar, acho que seria muito melhor colocar cotas nas escolas privadas, assim teríamos os descendentes de escravo em condições de competir de igual para igual com por uma vaga na universidade e quando entrasse na faculdade teria condições de acompanhar o ritmo. Sejamos francos, não seria prejuízo para as escolas particulares porque a maioria delas na prática não diminuiria a quantidade de alunos pagantes, mas sim aumentaria o numero de alunos por turma.
    Quem sabe o Universitário não quer começar?

  8. março 7, 2010 às 20:00

    Por isso nunca entro nesse tipo de debate. Não leva a nada. Discussão entre gremistas e colorados para saber quem é melhor é insana. Eu tenho meu ponto de vista, fruto de anos de análise sobre essas questões. Não me decidi pela emoção ou pela mídia.

    Escolas privadas são empresas e como tal vivem do lucro. A sua proposta é uma piada diversionista. Eu não defendo o ponto de vista de meus colegas do Universitário. Eles possuem cada uma formação que respeito.

    Finalizo com um argumento que considero finalizador: em 2010 menos de 200 cotistas hegros entram na UFRGS.

    Por que essa preocupação? Por que criar pânico com isso? A UFGRS aumentou em mais de 1500 vagas nos últimos anos, é justo que exista alguma forma de beneficiar pessoas que nunca tiveram a chance de frequentar a universidade.

    Basta um negro pobre na vila que consiga se graduar e isso terá sido um exemplo positivo a todos.

    Vão se preocupar com coisas mais importantes. Tem tanta coisa…

    Repito: menos de 200 (basta contar no site da UFRGS).

    sds

    PS: talvez seja um pouco mais de 200, não me prestei a contar isso. Contei até a metade dos cursos

    http://www.ufrgs.br/cvresultados/lotacao_2010.htm

  9. cris
    março 8, 2010 às 00:37

    Como eu disse, a maioria das escolas continuaria tendo o mesmo lucro, elas colocariam mais alunos por turma, afinal de contas não estamos falando em metade da turma mas sim de algumas vagas de acordo com o tamanho da escola.
    Além disso, se o problema é a questão financeira das escolas basta dar incentivo fiscal para as escolas tomarem tal atitude.

    A razão de eu ser contra as cotas não se refere tanto a “tirar a vaga” de outras pessoas, mas em primeiro lugar me baseio na preocupação de colocar na universidade pessoas que não tem preparo para acompanhar o andamento da turma (pode resultar em prejuízo no andamento da disciplina; em discriminação dentro da turma – porque ninguém vai querer fazer trabalho em grupo com gente despreparada; reprovação/desperdídio de vaga em turmas disputadas como Cálculo I; …)
    Além disso cotas é a agir como se os negros precisassem de “empurrãozinho” para entrar na universidade, assim como eu não gostaria de saber que consegui um emprego por ser mulher em vez de conseguir por mérito próprio. Já ouço gente dizer (óbviamente não em público) coisas do tipo “viu como negro não vale nada mesmo, se não tiver cotas eles não conseguem nem entrar na universidade, depois ainda vão precisar de cotas na formatura para conseguir o diploma”, ou seja, vejo as cotas aumentarem o racismo ao invés de corrigir alguma coisa.

  10. março 8, 2010 às 00:50

    É papo fur5ado essa história de despreparo. Os critérios da UFRGS são bem elevados e volto a afirmar: qualquer macaco passa na PUCRS na maioria dos cursos.

    Issop não acontece na UFRGS, pois existe um escore mínimo para não ser eliminado.

    Todas as estatísticas mostram que o desempenho dos cotistas, bolsistas ProUni, etc, são semelhantes aos demais. Não há diferença alguma.

    Pior do que se formar na UFRGS com um diploma escrito “cotista”, o que não existe, é se formar num curso por EAD ou num da PUCRS onde teve mais vagas que candidatos.

    Na verdade, isso é irrelevante, pois o que importa é se o sujeito conseguiu se graduar.

    Freuqntei um curso onde qualquer bagual entra, Física na UFRGS, e sei que o que interessa é a qualidade de ensino ao longo dos vários anos. É ali que a universidade faz o seu papel.

    Eu, por exemplo, tive um altíssimo escore para entrar, mas isso de forma alguma significou que tive as melhores notas ao longo do curso.

    Vestibular é só um momento. Um momento que depende do cidadão ter tido grana em pagar ótimos cursos preparatórios.

    Não discutireio mais esse tema, pois sou torcedor de um time diferente do seu.

    O que tens que fazer é convencer aos negros perto de você (sua doméstica) de que não seria bom para eles estudarem na UFRGS como cotistas e que o melhor é ser empregadinho de buteco ou gari.

    abs

  11. cris
    março 8, 2010 às 16:32

    “Pior do que se formar na UFRGS com um diploma escrito “cotista”, o que não existe, é se formar num curso por EAD ou num da PUCRS onde teve mais vagas que candidatos.” Concordo.
    O problema é que isto vai dar um motivo concreto (ainda que errado, injusto, …) para alguns empregadores evitarem empregar negros.

    Acho que quem tem oportunidade de entrar na UFRGS, com cotas ou sem, tem mais é que agarrar com unhas e dentes, mesmo se ele próprio acreditar não merecer a oportunidade.
    Mas não é por ser uma boa oportunidade para muitas pessoas que passa a ser justo ou correto.

    Estudei na UFRGS e até já dei aula lá e posso afirmar que já entrava muita topeira antes das cotas, mesmo com as exigências do vestibular. Vi muita gente ser reprovada várias vezes na mesma disciplina por não saber coisas básicas. Quanto mais gente menos preparada entrar mais isto TENDE a acontecer (não quer dizer que aconteça necessariamente)

  12. Brê
    março 12, 2010 às 17:35

    acho ridiculo pessoas lutares por seus direitos, pelo fim do preconceito e não lutarem contra as cotas
    não existe nada de diferente entre um branco e um negro a não ser a pele, não acho nescessario…
    quem aceita isso está sendo chamado de incapaz..pq tem de ser diferente? eles não tem capacidade? tem coisa bem melhor que a universidade pode fazer.

  13. Mariana
    abril 13, 2010 às 12:47

    E tu segues trabalhando numa escola que nao te permite contratar negros?
    Engraçado, lutar por uma dita inclusao social mas se omitir em uma questao tao proxima a ti.
    Os 30 milhoes de negros trazidos da África NUNCA serao indenizados, pois todos já morreram e há muito tempo. Diferente dos judeus mortos na segunda guerra – alguns ainda vivem e seus descendentes sao vitimas quase diretas do que aconteceu.
    Cotas é mais uma medida que visa tapar o sol com a peneira. Enquanto nao se tomarem medidas efetivas que propiciem uma vida digna a todos e acesso a educacao de qualidade vamos seguir esse ciclo de pobreza que vivemos.
    E citar EUA como exemplo é brabo. A eleicao de um presidente negro nao muda a racializaçao que há naquele pais onde negro fica de um lado e branco de outro.

  14. Aline Dutra
    maio 25, 2010 às 15:23

    Bem eu não concordo com as cotas;acho que se as pessoas então lutando pela igualdade,então não temq ue aver cotas,já que somos todos iguais,só porque um é branco e outro é negro,então quer dizer que o negro e incapaz de conseguir o esmo que o branco ? ‘ bem isso é um preconceito com eles mesmos ;D

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